A eleição para presidência da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), realizada na última terça-feira (8), foi marcada por uma movimentação incomum: 19 clubes amadores foram filiados à entidade nos dias que antecederam o pleito. O movimento, que elevou o número de votantes de 37 para 51, foi decisivo para a vitória de Estevão Petrallás, ex-dirigente do Operário.
Pelas regras da FFMS, equipes da elite do futebol estadual possuem peso 3 nos votos, enquanto clubes fora da elite têm peso 2, e os amadores, peso 1. Apesar de ter vencido entre os clubes mais representativos, o candidato André Baird foi superado no somatório final, após Petrallás receber o apoio massivo de instituições amadoras recém-filiadas.
O estatuto da FFMS exige que entidades estejam filiadas ao menos 60 dias antes da eleição para ter direito a voto. No entanto, a lista oficial dos votantes só foi divulgada na semana da eleição, e a Federação não esclareceu se os novos clubes cumpriram esse prazo, o que levanta suspeitas sobre a legalidade da votação.
A ausência de transparência compromete a legitimidade do processo, que manteve no poder o grupo que domina a federação há quase três décadas. O ex-presidente Francisco Cezário, preso em 2023 por suspeitas de corrupção, foi sucedido por Petrallás, que agora permanece oficialmente no cargo até 2027, com salário de R$ 215 mil, conforme tabela da CBF.
A candidatura de André Baird simbolizava uma tentativa de romper com práticas antigas e reformular a estrutura do futebol estadual, mas a eleição sugere que a cúpula do esporte sul-mato-grossense segue blindada a qualquer proposta de renovação.
Baird afirmou que não irá contestar o resultado, mas deixou em aberto a possibilidade de retornar caso haja reviravolta judicial. O futebol do estado, no entanto, permanece nas mãos de um grupo que já demonstrou resistência a mudanças.