Apenas 27% dos estudantes brasileiros alcançaram o nível 2 de proficiência em Matemática no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Na avaliação, esse é o nível mínimo de aprendizado. Isso quer dizer que mais de 70% das crianças e adolescentes do país não sabem o mínimo desse importante componente curricular. A média entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 69% – o que significa que o Brasil está cerca de três anos atrasado em matemática em relação à média dos países da OCDE
Quando se olha para os níveis mais altos, os resultados são ainda mais alarmantes. Apenas 1% dos estudantes no país conseguiram os níveis 5 ou 6, considerados os mais altos, quando os alunos resolvem problemas complexos, comparam e avaliam estratégias. A média da OCDE é 9%. Para o gerente pedagógico da Aprende Brasil Educação, Carlos Henrique Wiens, os índices são preocupantes. “Para que um país se desenvolva, é preciso ter pessoas pensantes e inovadoras, pesquisadores, indivíduos que tenham autonomia e condições de resolver problemas do cotidiano, do dia a dia. E a matemática contribui muito nesse sentido”, afirma. Ele explica que os dados do Pisa podem significar que o desenvolvimento do Brasil, como um todo, não está sendo e não será satisfatório no curto prazo.
Os dados mostram ainda que os alunos brasileiros em todos os estratos sociais tiveram um desempenho em Matemática abaixo dos alunos com perfil socioeconômico parecido em países com o mesmo perfil do Brasil, como Turquia e Vietnã. Ou seja, mesmo os estudantes de escolas particulares ficaram aquém do esperado em Matemática.
Como melhorar?
Assim como acontece com outros componentes curriculares, o processo de ensino e aprendizagem da Matemática traz muitos desafios para educadores, gestores e criadores de políticas públicas. Apesar das tentativas feitas ao longo dos últimos anos, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), os alunos não estão conseguindo adquirir os conhecimentos necessários. Uma das soluções pode estar na formação continuada dos professores e nos investimentos nos cursos de licenciatura.
“Precisamos de um embasamento mais adequado nas questões didáticas e metodológicas do ensino, de como trabalhar os conteúdos. Enquanto nas décadas de 1970 e 1980 a gente ensinava Matemática para resolver problemas, nos últimos anos a gente já tem trabalhado o inverso: a resolução de problemas para aprender Matemática. É um movimento diferente, que pode contribuir, sim, para resultados melhores”, comenta o especialista. No entanto, ele admite que ainda é necessário refletir sobre os pontos de melhoria, as políticas públicas, os encaminhamentos metodológicos e outros fatores que podem influenciar no aprendizado.