Levantamento realizado pelo Correio do Estado, com dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), aponta que, nos 10 primeiros dias deste mês, o número de 1.100,683 quilos de cocaína apreendidos pelas forças de segurança já supera todo o mês de março, que contou com 1.075,417 quilos interceptados.
Apenas nos últimos quatro dias, durante a Operação Semana Santa, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou a apreensão de 523 quilos desse tipo de droga no estado de Mato Grosso do Sul.
De acordo com a PRF, em MS, houve ainda um aumento significativo nas apreensões de maconha/skunk: de 11 quilos, na Operação Semana Santa do ano passado, para os 346 quilos neste ano.
Em entrevista ao Correio do Estado, o coronel e diretor do Departamento de Operações de Fronteira (DOF), Wagner Ferreira da Silva, explicou que o investimento financeiro nas forças de segurança pública proporciona resultados positivos no combate ao tráfico e, principalmente, no monitoramento das rotas de exportação dos entorpecentes.
Ferreira Silva destacou ainda que os radares de controle aéreo instalados no Estado resultaram em novas apreensões de entorpecentes.
“Tivemos, há algum tempo, um movimento do crime organizado, e a cocaína boliviana que entrava no País por terra passou a chegar por uma rota aérea. Os novos radares de controle aéreo, ao custo de mais de R$ 120 milhões, instalados no Estado em pontos estratégicos, fizeram com que as apreensões aumentassem, e muitas cargas e aeronaves foram interceptadas”, disse o coronel.
RECORDE
Nas rodovias de Mato Grosso do Sul, a maconha está cada vez mais perdendo o protagonismo das apreensões de drogas para a cocaína, de acordo com a PRF. A maior apreensão da história da instituição nas estradas federais do Estado ocorreu no início do mês de março.
À época, a entidade apreendeu, na BR-060, em Sidrolândia,1.860 quilos de cocaína em seu estado mais puro – um carregamento avaliado, segundo a polícia, em R$ 334 milhões. Conforme o apurado, a droga teria como destino, em um primeiro momento, a Região Sudeste e, posteriormente, seria encaminhada para o continente europeu.
Os dados da PRF apontam que essa apreensão foi maior do que todo o volume de cocaína que a entidade aprendeu anualmente em Mato Grosso do Sul até 2011. Naquele ano, foram retidos 1.476 quilos da droga nas rodovias federais do Estado.
O superintendente da PRF em Mato Grosso do Sul, Augusmar Vieira Melo, explicou, em entrevista no mês passado, que a demanda do mercado consumidor, ou seja, a maior renda dos traficantes obtida com a venda da cocaína, e a alta produção proveniente da Bolívia são as justificativas para a guinada dos criminosos.
Vieira Melo salientou, no entanto, que não alterou-se o uso do Estado como principal rota de escoamento dos entorpecentes, seja maconha ou cocaína.
“Além de um aumento de produção muito grande na Bolívia e de maior demanda do mercado consumidor, a otimização do trabalho de fiscalização da PRF também contribuiu para o crescimento das apreensões”, analisou o superintendente da PRF.
BALANÇO
Conforme os dados da Sejusp, no ano passado, foram apreendidas 16,4 toneladas de cocaína em Mato Grosso do Sul. O volume interceptado foi o maior em oito anos de fiscalizações.
Em um recorte mais preciso, em todo o ano de 2021, a apreensão de cocaína pelas forças de segurança estadual foi de 8,1 toneladas.
No primeiro ano da pandemia de coronavírus, em 2020, a apreensão desse tipo de droga em MS foi a segunda menor, isto é, 4,3 toneladas, levando em conta dados compilados desde 2015.
Dados da secretaria também apontam que 5,6 toneladas foram apreendidas em 2019, valor superior às 2,5 toneladas interceptadas no ano anterior. Em 2017, as forças de segurança retiraram do mercado ilegal 3,8 toneladas de cocaína.
Outras 3,3 toneladas do entorpecente foram interceptadas em 2016. Já no ano de 2015, as apreensões da droga somaram 6,3 toneladas.
SAIBA
Dados da Sejusp apontam também o aumento de apreensões de cocaína em Campo Grande. De acordo com a secretaria, foram apreendidas 2,5 toneladas da droga em 2021 e 6,1 toneladas em 2022, um crescimento de 97%. Apenas nos quatro primeiros meses deste ano, 851 quilos foram interceptados na Capital.
Fonte: Correio do Estado