Em 25 dias de outubro, Campo Grande já registrou 11 homicídios dolosos (quando há intenção de matar). Esse número é o maior desde 2016, há sete anos, quando, no mesmo mês, foram registrados 14 mortes.
De acordo com os dados da estatística Sejusp, em Campo Grande, há um aumento ano após ano de homicídios no mês de outubro.
Em 2017, foram 10 mortos durante todo o mês de outubro. No ano seguinte, o número de casos foi o mesmo do registrado até o momento neste ano, no entanto, a contabilização ocorreu nos 31 dias do mês. Já de 2019 a 2021, as ocorrências foram subindo, de sete, oito e nove execuções no período.
Durante todo o ano, já são 103 assassinatos, quase o mesmo número registrado nos 12 meses de 2021, quando foram 108 mortes.
Segundo o titular da Secretaria Municipal de Segurança e Defesa Social (Sesdes), Valério Azambuja, a Guarda Civil Metropolitana de Campo Grande nos últimos anos passou por diversas adequações e investimentos para suprir a demanda de ocorrências.
“Nos últimos seis anos, a Guarda Civil Metropolitana evoluiu 30 anos em cinco, ela dotou o seu efetivo de armamento e trocou 100% da logística, com viaturas novas. Logo aquilo que compete ao município, em termos de patrulhamento preventivo e segurança da população, a guarda tem feito ao longo deste tempo”, disse Valério Azambuja.
No entanto, as mortes só aumentaram. Sobre a segurança e o patrulhamento, o secretário acrescentou. “A Guarda Civil tem contribuído de forma efetiva e presente nas ruas de Campo Grande, com patrulhamento preventivo nas escolas, nos terminais de transporte e nas unidades de saúde”.
Os dados de Mato Grosso do Sul, em relação a homicídios dolosos, são parecidos com o registrado na Capital.
Neste mês de outubro, foram constatados 40 casos de execuções no Estado, no mesmo período, em 2021, 33 ocorrências foram registradas.
Antes da pandemia, em 2019, foi o menor número de casos nesses últimos cinco anos, com 24 registros.
Com relação à tentativa de homicídios em Campo Grande neste ano, nos últimos meses, houve uma diminuição de casos.
Em agosto, 21 casos foram registrados na Capital, no mês de setembro, o Sigo informa 19 casos, e, atualmente, no mês de outubro, apenas nove ocorrências foram registradas.
No Estado, todas as tentativas de homicídio no ano totalizam 546 casos, quando neste mês de outubro já foram registrados 53 casos.
O pico de ocorrências no ano foi em agosto, com 71 casos, e o mês com o menor registro em 2022 foi fevereiro, com 44 casos.
EXECUÇÕES
De sexta-feira (21) até domingo, cinco pessoas foram mortas em Campo Grande, todas executadas a tiros em via pública. Dos cinco assassinados, apenas um jovem de 16 anos não tinha passagem pela polícia.
Cristian Alcides Valiente, de 37 anos, foi morto nessa sexta (21) com dois tiros em uma conveniência, localizada na Rua Barra Mansa, do Bairro Guanandi.
No dia seguinte, Jheferson Luiz Nogueira também foi morto a tiros em frente a uma residência, na Rua Pridiliano Rosa Pires, no Bairro Mata do Jacinto.
O homem estava próximo à casa de sua ex-namorada, quando um outro rapaz passou na rua em uma moto e efetuou os disparos.
Segundo consta no boletim de ocorrência, a vítima do homicídio, antes de ser executado, já vinha sofrendo ameaças.
A ex-namorada do Jheferson, no entanto, contou em depoimento que ela tinha medida protetiva de urgência contra a vítima e que ele estava batendo forte no portão da casa dela antes de ser morto.
A mulher informou que ouviu logo depois um som de um veículo se aproximando e um barulho forte, quando saiu para verificar o que havia ocorrido, constatou que Jheferson não se mexia e estavam ensanguentado. O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas quando chegou o rapaz já estava morto.
Em outro caso, Carlos Henrique Ferreira Ocampo foi executado dentro de um carro, neste sábado (22), na Rua Brigadeiro Thiago, no Bairro Universitário, por dois homens que foram ao local de moto.
Ele foi vítima de homicídio doloso com uso de arma de fogo. Dois homens em uma moto dispararam 12 tiros no carro onde o homem estava.
Segundo o boletim de ocorrência, o laudo de atendimento do Samu constatou que a vítima sofreu ferimentos das balas na cabeça, nos membros e no peito.
No momento do crime, Carlos estava em seu veículo junto com uma mulher e quatro crianças, esperando a preparação de salgados, que o mesmo estava comprando em um estabelecimento comercial.
Segundo relato do dono do comércio, o homem escutou alguns disparos de arma de fogo e observou que dois homens estavam em uma moto arrancando a vítima de dentro do C3 preto.
Fora do carro, Carlos ainda levou mais disparos de arma de fogo dos dois homens.
Um irmão de Carlos informou à polícia que há dois meses outro irmão dele foi assassinado e, desde o ocorrido, Carlos queria vingança pela morte do irmão, em que ele já teria identificado o autor do assassinato.
O último crime ocorreu na noite de domingo (23), quando Tiago da Silva Cuellar, de 34 anos, e um adolescente de 16 anos foram executados na Rua Arthur Nogueira, no Jardim Centro-Oeste, na Capital.
Os dois estavam em um carro em movimento, quando foram alvejados. Com os dois mortos, o carro só parou ao atingir uma árvore na calçada.
SAIBA
No Estado, foram registados, até o momento, 356 homicídios dolosos. Em 2021, foram 434 ocorrências durante todo o ano. Em 2020, foram registrados 427 casos. Já em 2016, quando houve o pico de ocorrências, ocorreram 563 assassinatos.
Fonte: Correio do Estado