A Bola de Ouro será entregue no dia 17 em cerimônia realizada num teatro de Paris e transmitida ao vivo em quase 200 países.
Criada pela revista France Football em 1956, a premiação é uma das mais importantes do futebol mundial -divide atenções apenas com o Fifa The Best, que existe há sete anos.
Há três jogadores brasileiros entre os 30 indicados para melhor do mundo, mas é improvável que algum deles vença: Casemiro (ex-Real Madrid, hoje no Manchester United), Fabinho (Liverpool) e Vini Jr (Real Madrid).
O favorito é o francês Benzema, o que faria o futebol brasileiro ampliar para 14 anos um ingrato jejum sem ter um vencedor da Bola de Ouro.
A reportagem ouviu o diretor da France Football Pascal Ferré, que reconhece: “É muito estranho um brasileiro não ganhar desde o Kaká [em 2007].”
O homem responsável pela Bola de Ouro vira os olhos ao passado para explicar o fato de apenas quatro jogadores da seleção pentacampeã mundial já terem vencido a premiação, Ronaldo (duas vezes), Rivaldo, Ronaldinho e Kaká:
“Acredito que as lesões de Ronaldo o impediram de ganhar mais Bolas de Ouro. E também há todos aqueles que deveriam ter vencido antes. Pelé, claro, mas também Garrincha, Sócrates ou Zico deveriam ter ganhado alguma Bola de Ouro. Só que até 1995, apenas jogadores europeus eram elegíveis.”
Desde Kaká, o brasileiro que chegou mais perto da Bola de Ouro foi Neymar, em 2015 e 2017.
Ele ficou em terceiro lugar nas duas oportunidades, atrás de Cristiano Ronaldo e Messi -que ganharam uma vez cada um. Em 2021, Neymar foi o 16º. Desta vez, nem sequer indicado. Mesmo assim, na visão de Pascal Ferré, o camisa 10 da seleção brasileira segue entre os brasileiros mais próximos de alcançar a glória. Mas não só ele.
“Neymar tem todas as qualidades. Cabe a ele mostrar isso ao longo de dez meses consecutivos e também buscar os maiores títulos. Vinicius Júnior também está chegando. Ele tem o talento e aquele lado do espetáculo que o aproxima da Bola de Ouro. Tenho certeza que ele faz parte de uma nova geração, com Mbappé e Haaland, que vai disputar a Bola de Ouro nos próximos anos.”
Um fator que pode pesar muito na escolha do próximo vencedor, em 2023, é a Copa do Mundo do Qatar.
É que neste ano a Bola de Ouro mudou duas coisas na sua forma de premiação.
Primeiro, votam somente os cem países mais bem ranqueados na Fifa, e não mais todos os filiados. Segundo, a premiação não conta mais o ano, e sim a temporada esportiva europeia.
Ou seja, do meio de um ano até o meio de outro. A Copa entra na contagem de 2023.
“Como todos os anos de Copa do Mundo, ela uma influência real na votação. Mas isso não é uma garantia, porque a Liga dos Campeões também conta muito. Em 2018, não foi um francês, campeão mundial, que venceu, mas Modric. Em 2014, foi Cristiano Ronaldo quem ganhou a Bola de Ouro, não um campeão mundial alemão. Em 2010, foi Messi quem ganhou, não um jogador da seleção espanhola coroado campeão mundial. Na verdade, é preciso voltar a 2006, com Cannavaro, para ver um vencedor da Bola de Ouro da seleção campeã mundial. Não há nada automático, mas se o Brasil fizer uma campanha incrível na Copa do Mundo no Qatar, por que não imaginar mais de três brasileiros na próxima lista da Bola de Ouro? Não seria surpreendente”, diz Pascal Ferré.
A Bola de Ouro também premia o melhor goleiro. Alisson (Liverpool) e Ederson (Manchester City) estão entre os dez indicados.
NENHUMA BRASILEIRA INDICADA
Distribuída desde 2018 com um intervalo em 2020 por causa da pandemia, a Bola de Ouro Feminina ainda não premiou brasileiras.
As vencedoras foram Ada Hegerberg e Megan Rapinoe. Em 2022, a lista de 20 atletas indicadas não tem brasileiras.
O mais próximo que o país tem de uma representante é a brasileira naturalizada americana Catarina Macario. As favoritas neste ano são a espanhola Alexia Putellas e a inglesa Beth Mead.
PREMIAÇÃO MAIS TECNOLÓGICA
A edição deste ano da Bola de Ouro é a primeira desde a criação dos NFTs relativos à premiação.
NFT é a abreviação de “Non-Fungible Token”, que em português significa “Token Não-Fungível”. Um token é um símbolo eletrônico que representa um bem.
Quase tudo pode ser um NFT: obras de arte, músicas, imóveis, itens colecionáveis, medalhas olímpicas, assentos em um evento, memes ou até mesmo uma postagem nas redes sociais.
Os NFTs da Bola de Ouro dão acesso à cerimônia e também experiências exclusivas, com a ideia de manter a premiação viva o ano todo e engajar a comunidade interessada.
“L’Equipe e France Football são empresas dinâmicas, sempre procurando inovar e se adaptar às novas tecnologias e a um novo público que tem formas diferentes de consumir o futebol como produto.
Sua experiência é muito diferente da geração anterior”, explica Emilie Montané, diretor de estratégia e desenvolvimento do L’Equipe.
Os jogadores vencedores da Bola de Ouro também receberão um troféu versão NFT neste ano.
Fonte: Correio do Estado